domingo, 16 de outubro de 2011

Uma Crítica aos Colégios particulares de Ensino Médio

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Uma crítica aos colégios particulares de Ensino Médio

22/12/2009

Artur é um garoto de 15 anos com um leve distúrbio de déficit atencional. É muito comportado, bom caráter, religioso, bom aluno, esforçado, não tem hiperatividade. Vendo que ele “não tinha futuro” como vestibulando de Medicina, o conhecido colégio onde ele estudava resolveu desprezá-lo, julgando-o burro ou preguiçoso. Apesar de estudar no mais caro e “melhor” colégio de ensino médio de Goiânia, não houve nenhum aviso ou apoio pedagógico sinalizando que o garoto estava afundando. Só avisaram a família que ele praticamente tinha perdido o ano por telefone, e no mês de outubro, quando o ano letivo já estava praticamente terminado. Artur não conseguiu aprender porque, apesar das mensalidades muito altas, as salas eram muito cheias, os professores corridos e impessoais demais, e não tinham preocupação de saber se os alunos os estavam seguindo ou não. Artur, já com baixa estima, se sentava sempre no fundo da sala e assim ia afundando cada vez mais. Chegou a falar para os pais que não dava conta de estudar e que queria ser motorista de caminhão. Como psiquiatra, eu falei para os pais que o problema não era médico e sim pedagógico. Eles então procuraram uma escola para o filho, que foi recusado repetidamente em todas elas. Diziam que as notas eram ruins, ele não tinha rendimento, esforço, não passaria de ano. O único colégio que o aceitou, até com muito boa vontade, sem cobrar nada a mais, foi o Colégio Simetria, no Bairro Feliz. Lá Artur também teve a sorte de entrar em contato com um professor quase anônimo, Arnaldo Zoccoli, como o são sempre as verdadeiramente grandes pessoas. Naquela escola, e depois no Colégio Pitágoras Flamboyant, Jardim Goiás, para onde o professor Arnaldo se mudou, acreditaram na recuperação pedagógica e humana de Artur, mesmo recebendo muito bem menos do que naquela escola glamurosa que havia “recusado” o garoto. Artur estudava em turmas bem pequenas, o que multiplicava sua atenção e rendimento. Os professores e o coordenador pedagógico professor Arnaldo, sem receber nada a mais por isto, acompanhavam-no dia após dia, além do fato de ter muita aula à tarde e programas de recuperação reais (o que não tinha naquela “grande escola”, cujos programas eram fictícios). O resultado final foi que Artur acaba de passar em um vestibular de medicina, curso, infelizmente, muito difícil de se passar, sobretudo neste cuja concorrência foi de 68 candidatos por vaga. Artur, que era um “patinho feio”, virou um “cisne”, tudo porque um humilde, honesto e esforçado professor, com toda sua equipe pedagógica, equipe de um colégio “não-tão-glamuroso”, resolveram, como verdadeiros educadores, apostar em quem os “melhores colégios” já achavam perdido. São pessoas que, modestamente, fazem a verdadeira diferença em nossas vidas.

Marcelo Caixeta é especialista em 
Psiquiatria da Adolescência pela Universidade de Paris XI

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